29 de março de 2010

Hemossiderose e Hemocromatose

Hemossiderose
Conceito: Acúmulo anormal de hemossiderina nos tecidos, especialmente nos macrófagos da derme, do fígado, do baço, da medula óssea, linfonodos e pulmões.
Hemossiderina: Pigmento brilhante, amarelo ouro ou castanho escuro, resultante da degradação da Hb, cujas características são:
Reação com Azul da Prússia (convertendo o Ferrocianeto de Potássio em Ferrocianeto Feérico, de coloração azul esverdeado);
Estrutura química semelhante à da Ferritina (Complexo Proteína - Ferro, presente no plasma sangüíneo).
Aspecto granular amorfo, de ocorrência principalmente intracelular (dentro dos Mo/), em locais onde esteja ocorrendo desintegração excessiva de hemácias.


Etiologia: Hemólise excessiva, local ou geral...
  • De ocorrência local: Hemorragias (hemácias fora de vasos entram em lise por não poderem renovar seu suprimento de O2, liberam a Hb que degradada dará' origem à hemossiderina, constatável histologicamente 24 a 48 horas após a hemorragia, com pique entre o 4o e 5o dias. Hiperemias passivas prolongadas, principalmente nos pulmões e baço, freqüentemente associadas à ICC e á Cirrose hepática (somente no Baço, nesse ultimo caso).

  • De ocorrência geral: Nas anemias hemolíticas, quaisquer que sejam as causas, associada à hiperprodução de hemobilirrubina.
Características macroscópicas: Quando intensa, a hemossiderose determina uma coloração ocre amarronzada, facilmente detectável no fígado, no baço, nos linfonodos, no miocardio e no pâncreas.
Características microscópicas: Grânulos brilhantes dourados ou pardacentos, azul da Prússia positivos, de tamanhos variados, entre as células (nos linfonodos, principalmente) ou dentro de macrófagos e/ou células epiteliais.

Hemocromatose

Distúrbio raro do metabolismo do ferro (não descrito ainda em medicina veterinária) no qual uma quantidade excessiva de ferro é absorvida pelo intestino ou entra no organismo via transfusão, levando á deposição , ao longo dos anos, de pigmentos semelhantes à hemossiderina (neste caso chamado por alguns autores de "hemofuscina"), no interstício, nos macrófagos, e mesmo em células epiteliais da pele, fígado, rins, pâncreas e glândulas salivares. Esta deposição excessiva irrita e acaba por determinar fibroplasia e atrofia parenquimatosa, levando com freqüência à cirrose hepática e à atrofia das ilhotas de Langerhans do pâncreas - "Diabete Bronzeada".

Conceito: Ocorrência de pigmentação resultante da catabolização anormal da Hb, sob ação de ácidos ou álcalis (em tecidos fixados com formol não tamponado e não neutralizado, ou em tecidos com pH muito alto ou baixo e que tenham hemorragias - exemplo: Úlcera péptica...) ou de enzimas digestivas de parasitos hematófagos.

Tipos de hematinas:

  • Hematina acida formolínica ou "Pigmento do Formol": Comum em tecidos hemorrágicos quando fixados em formol ácido, sendo também indício de autólise post mortem. Apresenta-se como grânulos bronzeados ou preto esverdeados, não reagindo com o Azul da Prússia. Não tem significado patológico, mas pode ser confundido com outros pigmentos importantes. O uso de formol tamponado e neutro previne sua ocorrência. Pode ser removido dos cortes, lavando-se em soluções saturadas alcóolicas de ácido pícrico ou de amoníaco.
  • Hematina ácida hidroclorídrica ou "Pigmento da úlcera": Formada pela ação do ácido clorídrico sobre a Hb, freqüentemente observada nas proximidades de ulceras gástricas.
  • Hematina malárica ou "Hemozoina" ou ainda "Pigmento Palúdico": Resulta da digestão enzimática da Hb pelo Plasmodium spp., que com a ruptura das hemácias, libera grânulos castanho escuros no interstício para os macrófagos do baço, fígado e outros órgãos.
  • Hematina esquistossomótica ou "Pigmento esquistossomótico": Resulta da digestão enzimática da Hb no tubo digestivo do Schistosoma mansoni (ingestão de hemácias, digestão e regurgitamento, de maneira intermitente), levando à formação de grânulos castanho escuros, semelhantes à hemozoina, que se acumulam nas células de Kupffer. De modo similar, outros trematódeos (ex: Fascioloides magna) e mesmo ácaros (ex: Pneumonyssus simicola) também determinam o aparecimento de hematinas.